De mãos dadas com o futuro: a evolução da telerradiologia
“Muito mais do que contribuir para o ‘negócio saúde’, a telemedicina tem como objetivo melhorar e aumentar a abrangência dos tratamentos, democratizar o acesso ao serviço médico.”,
Dr. Lanes.
Em um momento de mudanças no comportamento humano, com a tecnologia permeando nossas casas, escritórios e relações pessoais.
A cena mais comum que nos vêm à cabeça é a do “doutor virtual”. De qualquer lugar, seria possível receber atendimento, e a imagem do médico poderia muito bem ser um holograma 3D. Estamos quase lá, mas, enquanto isto, a telemedicina já é realidade e muitos foram beneficiados por ela, como na radiologia, algumas vezes sem nem mesmo perceber.
No Brasil, e em todo o mundo, a telemedicina aplicada à radiologia (telerradiologia) tem sido usada com sucesso para equilibrar a distribuição do trabalho de médicos radiologistas na espaço (geografia) e no tempo.
Grandes hospitais, normalmente em centros urbanos, formam e atraem médicos radiologistas em número suficiente à emissão de laudos – o alto volume de exames os mantêm sempre ocupados. Porém, hospitais e clínicas de médio e pequeno porte, ou instituições de saúde em localidades distantes do grandes centros, têm dificuldade em manter uma equipe fixa suficiente para sua demanda de laudos. Os motivos são diversos: disponibilidade de profissionais na região, falta de efetivo para cobertura de férias, plantões, finais de semana, carência de subespecialistas, etc. Quem sofre as consequências é o paciente que, enfermo, precisa viajar para a “cidade grande” mais próxima e aguardar dias por um laudo.
Dá para confiar?
Como todo avanço em tecnologia e processos, é natural que a telemedicina cause estranheza à primeira vista. Somos humanos, e a presença física é fator insubstituível. Ainda temos necessidade do olho no olho e, inconscientemente, guardamos traços dos nossos ancestrais – precisamos sentir “o cheiro” do outro para estabelecer vínculo e nos sentirmos seguros.
Diversos recursos de segurança estão sendo corretamente exigidos pelos órgãos reguladores (compliance de nível 1 e 2, por exemplo), na medida em que a telemedicina cresce a ponto de atender grandes hospitais, com volumes significativos de pacientes e de dados para transmitir e armazenar e que, portanto, incorrem em mais riscos ao optarem por utilizar recursos a distância para os diagnósticos e tratamentos.
E como fica o médico?
Apesar de todo suporte tecnológico, a telemedicina nada interfere em um pilar muito importante de quem trabalha com saúde: o comprometimento. Independente da distância, os bons profissionais que trabalham remotamente são tão comprometidos com a saúde do paciente, com o bem estar das famílias, com o suporte aos colegas e staff locais, como qualquer bom médico da equipe local.
A nova geração de radiologistas, bem mais “tecnológicos”, já enxergam a telerradiologia como uma opção consistente de carreira. Além dos benefícios na qualidade de vida, como a economia de tempo e a possibilidade de trabalhar em sua casa, próxima de sua própria literatura e da família, é importante frisar a amplitude na experiência do especialista. Como certas patologias são comuns em determinadas áreas do país, trabalhando com a telemedicina, é possível lidar com diferentes casos – atendendo pacientes do Norte, Nordeste e Sudeste do país em um só dia, por exemplo – o que torna o trabalho bem interessante.
Além disto, apesar da equipe de telerradiologia não, necessariamente, estar lado a lado numa central de laudos, nas boas práticas do serviço a distância há muita interação entre colegas através do ambiente virtual. Há discussão de casos, trocas de ideias e apoio, de tal modo que nossa percepção é que estamos trabalhando em uma sala de laudos, porém virtual. Trata-se, portanto, de uma adaptação natural a uma nova forma de praticar a radiologia.
Encurtando distâncias
Estabelecidos os cuidados com segurança e qualidade, restam as vantagens da telemedicina. Acabam-se as fronteiras e a distância entre quem precisa e quem presta atendimento. As dificuldades cedem lugar à agilidade e praticidade, sem desconsiderar a seriedade, profissionalismo e empatia, inerentes às boas práticas da medicina. Muito mais do que contribuir para o “negócio saúde”, a telemedicina tem como objetivo melhorar e aumentar a abrangência dos tratamentos, democratizar o acesso ao serviço médico.
O holograma 3D do médico pode vir por aí e devemos testemunhar uma série de outras inovações nos próximos anos, mas já estamos caminhando a passos largos em direção ao futuro da saúde e uma sociedade tratada cada vez mais com cuidado, segurança e atenção, ainda que remotamente.
Por,
Dr. Flavio Lanes, médico radiologista.
Fonte: Jornal da Imagem, Julho/2018.
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“Muito mais do que contribuir para o ‘negócio saúde’, a telemedicina tem como objetivo melhorar e aumentar a abrangência dos tratamentos, democratizar o acesso ao serviço médico.”,
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A cena mais comum que nos vêm à cabeça é a do “doutor virtual”. De qualquer lugar, seria possível receber atendimento, e a imagem do médico poderia muito bem ser um holograma 3D. Estamos quase lá, mas, enquanto isto, a telemedicina já é realidade e muitos foram beneficiados por ela, como na radiologia, algumas vezes sem nem mesmo perceber.
No Brasil, e em todo o mundo, a telemedicina aplicada à radiologia (telerradiologia) tem sido usada com sucesso para equilibrar a distribuição do trabalho de médicos radiologistas na espaço (geografia) e no tempo.
Grandes hospitais, normalmente em centros urbanos, formam e atraem médicos radiologistas em número suficiente à emissão de laudos – o alto volume de exames os mantêm sempre ocupados. Porém, hospitais e clínicas de médio e pequeno porte, ou instituições de saúde em localidades distantes do grandes centros, têm dificuldade em manter uma equipe fixa suficiente para sua demanda de laudos. Os motivos são diversos: disponibilidade de profissionais na região, falta de efetivo para cobertura de férias, plantões, finais de semana, carência de subespecialistas, etc. Quem sofre as consequências é o paciente que, enfermo, precisa viajar para a “cidade grande” mais próxima e aguardar dias por um laudo.
Dá para confiar?
Como todo avanço em tecnologia e processos, é natural que a telemedicina cause estranheza à primeira vista. Somos humanos, e a presença física é fator insubstituível. Ainda temos necessidade do olho no olho e, inconscientemente, guardamos traços dos nossos ancestrais – precisamos sentir “o cheiro” do outro para estabelecer vínculo e nos sentirmos seguros.
Diversos recursos de segurança estão sendo corretamente exigidos pelos órgãos reguladores (compliance de nível 1 e 2, por exemplo), na medida em que a telemedicina cresce a ponto de atender grandes hospitais, com volumes significativos de pacientes e de dados para transmitir e armazenar e que, portanto, incorrem em mais riscos ao optarem por utilizar recursos a distância para os diagnósticos e tratamentos.
E como fica o médico?
Apesar de todo suporte tecnológico, a telemedicina nada interfere em um pilar muito importante de quem trabalha com saúde: o comprometimento. Independente da distância, os bons profissionais que trabalham remotamente são tão comprometidos com a saúde do paciente, com o bem estar das famílias, com o suporte aos colegas e staff locais, como qualquer bom médico da equipe local.
A nova geração de radiologistas, bem mais “tecnológicos”, já enxergam a telerradiologia como uma opção consistente de carreira. Além dos benefícios na qualidade de vida, como a economia de tempo e a possibilidade de trabalhar em sua casa, próxima de sua própria literatura e da família, é importante frisar a amplitude na experiência do especialista. Como certas patologias são comuns em determinadas áreas do país, trabalhando com a telemedicina, é possível lidar com diferentes casos – atendendo pacientes do Norte, Nordeste e Sudeste do país em um só dia, por exemplo – o que torna o trabalho bem interessante.
Além disto, apesar da equipe de telerradiologia não, necessariamente, estar lado a lado numa central de laudos, nas boas práticas do serviço a distância há muita interação entre colegas através do ambiente virtual. Há discussão de casos, trocas de ideias e apoio, de tal modo que nossa percepção é que estamos trabalhando em uma sala de laudos, porém virtual. Trata-se, portanto, de uma adaptação natural a uma nova forma de praticar a radiologia.
Encurtando distâncias
Estabelecidos os cuidados com segurança e qualidade, restam as vantagens da telemedicina. Acabam-se as fronteiras e a distância entre quem precisa e quem presta atendimento. As dificuldades cedem lugar à agilidade e praticidade, sem desconsiderar a seriedade, profissionalismo e empatia, inerentes às boas práticas da medicina. Muito mais do que contribuir para o “negócio saúde”, a telemedicina tem como objetivo melhorar e aumentar a abrangência dos tratamentos, democratizar o acesso ao serviço médico.
O holograma 3D do médico pode vir por aí e devemos testemunhar uma série de outras inovações nos próximos anos, mas já estamos caminhando a passos largos em direção ao futuro da saúde e uma sociedade tratada cada vez mais com cuidado, segurança e atenção, ainda que remotamente.
Por,
Dr. Flavio Lanes, médico radiologista.
Fonte: Jornal da Imagem, Julho/2018.